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Guaraparistock: 50 anos do Festival de Verão de Guarapari

Este mês de fevereiro fica marcado pois completam-se exatos 50 anos do Festival de Verão de Guarapari, o Guaraparistock, realizado entre os dias 11 e 14 de fevereiro de 1971, nas Três Praias, tendo recebido alguns dos nomes que estavam em auge na carreira na época.

Público acompanha o Festival de Verão de Guarapari. (FOTO: Erno Shneider/O Globo)
Foi o primeiro festival de música a céu aberto, nos moldes do Woodstock, realizado no Brasil e na América Latina. Entre as atrações estavam os capixabas Aprígio Lyrio, e Cristina Esteves, a Cris Portela. Roberto Carlos estava na programação, mas não compareceu.

Inspiração
A inspiração para o festival em Guarapari foi o Festival de Woodstock, realizado em 1969, em Nova Iorque, nos Estados Unidos e que atraiu olhares da cultura mundial ao celebrar a paz, o amor, a música e a liberdade, com o público jovem, chamados de hippies.

No Espírito Santo, um grupo de jovens formado por Rubens Gomes, o Rubinho Gomes, Gilberto Tristão e Antônio Alaerte dos Santos, decidiu repetir o feito, no que acabou sendo um ato político de enfrentamento à Ditadura Militar, que na ocasião tinha como Presidente da República, o general Emilio Garrastazu Médici e governador do Estado,  Christiano Dias Lopes Filho.

Antônio Alaerte era o então secretário de turismo de Vitória e conseguiu apoio do Governo do Estado. A Prefeitura de Guarapari prometeu apoiar cobrindo alguns custos, mas retirou o apoio um semana antes do evento.

Capa de A Gazeta de 11 de fevereiro de 1971 destaca o festival.(FOTO: Reprodução)
Público
Noticiários da época informam que eram esperadas cerca de 40 a 50 mil pessoas no festival, mas que apenas quatro mil compareceram. Artistas que tocaram no festival e Rubinho Gomes informam e estimam que na verdade cerca de 20 mil pessoas estiveram no Guaraparistock.

Atrações nacionais
Diversos nomes da música nacional participaram e se apresentaram no festival. Milton Nascimento (RJ), Som Imaginário (RJ), Tony Tornado (SP), Naná Vasconcelos (PE), Novos Baianos (BA), Chacrinha (PE), Luiz Gonzaga (PE), A Bolha (RJ), Erasmo Carlos (RJ), Ângela Maria (RJ), Soma (RJ) e José Celso Martinez Corrêa (SP) são alguns dos nomes.

Com todos esses artistas, quem se destacou no evento, não pela apresentação, mas sim por saltar do palco, foi Tony Tornado. O cantor fez o chamado stage diving, e acabou caindo em cima de uma mulher chamada Maria da Graça Campos. A jovem fraturou a coluna e, segundo registros de jornais e revistas, teve o tratamento custeado pelo artista.

Devido ao ocorrido, os organizadores Rubinho Gomes e Alaerte foram detidos por algumas horas pela polícia no final do terceiro dia e não assistiram ao quarto dia do festival.

Cobertura internacional
O festival teve cobertura nacional e até internacional, e aproximadamente duzentos jornalistas compareceram a Guarapari, de revistas americanas e inglesas, e por exemplo, dos jornais Correio da Manhã, Jornal do Brasil, Diário de Notícias, O Globo e Jornal da Tarde, e das revistas Veja e O Cruzeiro, além dos jornais locais, a exemplo de A Gazeta.

Na cidade saúde, os jornalistas depararam-se com a falta de recursos tecnológicos, que não contava com nenhuma agência telegráfica e nem linha telefônica local. Todas as chamadas eram feitas através de Vitória, e ainda assim com grande dificuldade.

Marco
São 50 anos de história de um festival que teve organização e muita desorganização, mas que é um marco para a música capixaba e nacional. Isso por milhares de jovens terem enfrentado os militares em plena Ditadura e a organização por ter, apesar de tudo, ter conseguido de alguma forma ter promovido os quatro dias de evento conforme anunciado nas diversas mídias.

Confira registros e notícias de publicações da época:

Fotos: Erno Schneider /O Globo; Antonio Nery / O Globo; reprodução de jornais e revistas; e acervo de Fábio Pirajá/Memória Capixaba






















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